Sylvia Araujo
Foto do blog: Mario Lamoglia
sexta-feira, 19 de março de 2010
Sobre "Badia"
"Badia" hoje estava sentada na mesma posição de sempre, no mesmo ponto de ônibus de sempre, no mesmo horário de sempre, à espera de alguém que nunca mais vai voltar. Alheia e oca, olhar fixo no muro pixado, com a perna esquerda em cima do banco, e uma guimba de cigarro apagada entre os dedos magros - do meio de suas inumeráveis cicatrizes invisíveis - ela não me viu. E eu não me fiz ver. Talvez porque a minha dor de ontem voltasse implacável, e eu não tivesse força pra conter a enxurrada; talvez porque meus olhos molhados se fizessem espelho pra ela, e isso eu não pudesse evitar. Talvez porque eu tenha medo. Talvez porque eu tenha sorte. Talvez porque eu seja egoísta. Ou apenas humana demais. Talvez...
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Um comentário:
Difícil demais encarar determinadas "realidades" que mais parecem cena de um filme surrealista. :( Aquela velha história de "isso nunca aconteceria comigo"... dá medo.
Beijos
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