Foto do blog: Mario Lamoglia

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Voe

"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia "

Martha Medeiros.


Dá licença. Vou ruminar um pouco, depois eu volto e regurgito tantos pensamentos quantos resolverem se elaborar cá dentro. Pra se pensar, beibe. Pra se deleitar...

Ui, delícia! Nem gosto... nem um pouquitito... ;o)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Detalhes


Quando a chave vira no portão da rua, ele sente. E fica indócil, de orelhas em pé e rabo abanando.
Quando a chave vira no portão de dentro, ele late. E arranha a porta. E cheira pela fresta.
Quando ela entra na fechadura, ele pula. E salta, e gira e corre.
Quando a porta abre, e eu me arrasto pra dentro - feito flagelada de guerra - ele abaixa as orelhas e se joga aos meus pés, de barriga pra cima.
Ele quer amor. E cuidado. E afago - Eu também.
Ele quer desejar boas vindas e mostrar o que é ser fiel, o que é esperar um dia inteiro para dar um beijo e fazer um carinho - E eu só quero minha cama, uma taça de vinho, um cigarro aceso e um dissipador de humanidades.

Não é possível que eu possa pensar em me desfazer de tamanho amor por causa de cocô no meio da sala.
Não é possível que eu possa passar sem enxergar aquela criatura tão pura e ainda rosnar pra ele, como se tivesse razão.

Nunca se tem razão quando se deixa escorrer o óbvio.
Nunca se tem razão quando se deixa cegar e envenenar pela rotina, pela tristeza, pelos dias difíceis.
Nunca se tem razão quando o amor vem e a gente afasta por preguiça de se dar, por descuido, por puro pânico do amanhã.

Eu não tenho razão. Sei disso. E a culpa é minha. Única e exclusivamente minha.

Sylvia Araujo

Descalça


Ela tem mania de andar descalça. Diz que sente a energia do globo subindo pelos dedos, alcançando o peito do pé e reverberando nos tornozelos.
Ela jura que sabe, de olhos fechados - e ouvidos cobertos - o tamanho exato da onda que quebra na areia, pela força que sobe pro peito. Ela fala que o coração vibra.
E afirma que se enche de vida a cada grama que pisa, a cada pedra que sente.

Ela tem mania de vida. Diz que anda descalça pra alcançar o dentro. Porque o fora, pra Ela, nunca foi nada além do espelho do que vai no meio.
Hoje Ela sabe que o amor pleno é quando os olhos brilham; e que o brilho nada mais é do que a essência que borbulha dentro sendo escarrada peito afora.
O amor é Ela. O amor vem dela. (de si para si, de si para o mundo, de dentro pra fora.)

Da vida, pra Ela, o que resta - todo o resto! - é só, e somente só, o Agora.

Sylvia Araujo

quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Meu coração vagabundo, quer guardar o mundo em mim..."

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sentidos

Coração na boca, com gosto de quero mais.
Tato aguçado dá direito a arrepio de lembranças.
Os ouvidos reproduzem os silêncios do estar junto, tal qual eco.
Olfato visivelmente apurado por aquele inesquecível cheiro que persegue.
Visão ampliada, com alcance de quilômetros e mais quilômetros de mar; aquele que separa o frio do calor...

O sexto sentido segreda que estou entregue. Assumo. Adoro me sentir assim...

Sylvia Araujo