tag:blogger.com,1999:blog-91153882662086665412024-02-07T17:11:18.401-03:00Abundante-menteMe habitam multidões. Difícil é quando todos resolvem falar ao mesmo tempo...Unknownnoreply@blogger.comBlogger406125tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-51728862535079346672017-07-10T07:29:00.000-03:002017-07-10T07:29:53.713-03:00Vento, poeira, florA beleza<br />
da estrada<br />
é<br />
a estrada<br />
<br />
[depois<br />
que se aprende<br />
a voar todo<br />
céu<br />
é<br />
horizonte<br />
<br />
- e Amor].<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-30874732820389277152017-06-12T08:31:00.001-03:002017-06-12T08:31:48.737-03:00Espiralser<br />
viço<br />
<br />
cor<br />
ação<br />
<br />
[sê<br />
mente,<br />
sente]Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-68379011523006076342017-01-05T14:24:00.003-02:002017-01-05T14:24:54.890-02:00R.e(x)istência<br />
Com.paixão.<br />
<br />
<i>Sylvia Araujo</i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-24515042433207808992016-12-20T03:21:00.000-02:002016-12-26T18:26:39.366-02:00Poesia<br />
o olho do mundo<br />
coração<br />
<br />
vórtice.<br />
<i><br /></i>
<div style="text-align: right;">
<i><i>Sylvia Araujo</i></i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-71411157329151147302016-11-15T18:41:00.001-02:002016-12-26T18:26:52.988-02:00FeminaA gente<br />
arde<br />
estala<br />
enverga<br />
mas não<br />
queima<br />
<br />
[assa é<br />
a batata<br />
o marshmallow<br />
na brasa<br />
quente<br />
da fogueira]<br />
<br />
- e canta.<br />
<i><br /></i>
<div style="text-align: right;">
<i><i>Sylvia Araujo</i></i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-48277641516497203632016-11-06T14:22:00.001-02:002016-12-26T18:27:09.615-02:00Ponta de lançaHeróico<br />
todo braço que<br />
se estende<br />
expande<br />
coração<br />
na mão.<br />
<i><br /></i>
<div style="text-align: right;">
<i><i>Sylvia Araujo</i></i></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-35984777070323345122016-10-10T00:38:00.001-03:002016-10-10T01:44:47.233-03:00<div style="text-align: justify;">
A relva crispada e úmida - sob os pequenos indecisos pés descalços - de um vivo verde amarelecido adocicado e pausado, transfere, calma indiscutível, uma sabedoria mansa e fresca de insistente grama crescendo altiva e matemática. Feito pequenos choques pernas magras acima, como quem sussurra, quase em grávido silêncio, expõe inequívoca a língua inexprimível e exata das ruivas formigas, dos grilos, dos vermes, das abelhas, corujas, leoas, das esperanças todas eriçadas invencíveis, douradas e esquentadas de sol. Além dos sentidos, ela ouve sem sequer ouvir. Os doces hipnóticos olhos observam, fixos plenos, uma retorcida folha alaranjada quase marrom que se desprende, como num delicado desatar de mãos, do alto da árvore sonolenta e dança, femininartística, por entre as luzes e sombras do amplo espaço, durante um esticado completo minuto - ele parece intencionar cessar de escorrer para também observá-la inteira, grandíssima bocarra escancarada em inchada admiração. Então, a suave folha pousa quase sem tocar a ácida terra enquanto, vivamorna, a terra - dona inconteste de tudo o que um dia foi - a abraça, e os brilhantes olhos e o entregue tempo, de imediato, em despedida ritualística e solene, desfocam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O dia lilás - nu enviesado, aquecido por pinceladas espaçadas em vários tons de vermelho - se esvai em desmaio lento, vazio e sereno no horizonte estático, sem reverências maiores às ideias mesmas cansadas e aflitas que vagueiam, labirínticas, nos raciocínios vai-e-vem confusos e apocalípticos dos cegos homens partidos. Ele sabe, íntimo último das coisas que são e dos inesgotáveis tensos fios que sustentam a vida, em sua transparência cósmica, que tudo o que quiser com força alcança, no devido tempo e no constante espaço em broto além das aparências oásis, como se nada-nada tivesse de fato um fim, como não o têm, se se dedicar a apreender de maneira ampla e integral tudo o que é real. O dia, esse sempre o mesmo apesar de incansavelmente outro, gordo inteiro como em todos os inadiáveis e indecifráveis dias, não se pensa, não se confunde ou altera; ele abriga e não distingue segundos, escolhas, sentidos que a cada um pertencem, a mais ninguém, tampouco tortuosos passos e outros momentos aquém dos seus movimentos translúcidos, tempos indecisos, olhares além ou altos inescaláveis muros. Ele reflete; olha não julga, tudo guarda e certeiro usa sem nenhum abuso quando, no exato perfeito instante onde cabe, não sem alguma qualquer pequena dor, meticuloso atento reverbera, acima do denso chão e abaixo do etéreo céu e, insistente dedicado, constrói tudo aquilo com o que em conjunto vibra, enquanto ajusta as velas para ir - lento e sem nenhuma pressa - de encontro ao mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vagando sem direção em impalpável fio de pensamento doído, Maria pensa - no fundo, quase sem nada pensar - no acaso sincrônico, desencontro certo, no gigante amanhecido amor tão distante e tão perto: porque irremediavelmente eterno; porque sempre bem fundo bem dentro, mesmo se ausente; porque inextrincável em jogos quaisquer de palavras, quais sejam elas. Quase inerte - a respiração perene ritmada e funda alteando em pequenos espasmos o frágil peito; o cotovelo pontiagudo apoiado, sem força ou peso, no rígido braço de ferro do banco azulado cheirando à ferrugem e mistura de tinta gasta - sustenta, em seriedade divertidamente astuta, a alegria urgente e resplandecente do orvalho quase esbranquiçado, estanque, que recobre os galhos secos no despedir alvoroçado do desprendido dia. Maria dói sem doer, escorrendo sentada, sozinha e quieta ali naquele ermo lugar. E se alegra, vazia, quando pensa coisa alguma e tudo observa sem qualquer fatia de futuro ansiar. Sem saber exatamente o quê e de quê, espera sem esperar e, desajeitada entregue, sorri. Sabe, não se sabe como, de um plano escrito à mãos vazias - sua sina -, de um lugar cativo entre as montanhas mansas - coloridas nos mais variados tons de vida, de onde a música não se cansa nunca de ritmada e amorosa escoar - resguardado e certo por qualquer coisa que não se pode tocar e, ainda assim, inexplicável simplesmente existe e é.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Faz frio, um frio fino e elegante, no limite estendido do morno se se olhar cauteloso de dentro pra fora. É que as coisas carregam em si vaporosa essência que por inúmeras vezes não se pode enxergar ou explicitamente arguir: porque nossa e muito íntima, porque centelha eterna, algo intocável, um quê de insondável inacessível reflexo. Sentada no descascado banco de ferro meio azul meio ferrugem, a pele umedecendo aos poucos ao agudo toque do macio orvalho, olhando perplexa a alaranjada folha caída, abraçadengolida pela úmida escura terra, os pés descalços acarinhando a relva tão viva tão viva tão viva, o coração a ponto de, aos pulos, sair pela boca, Maria atônita pensa, sem quase nada pensar: e isso, tamanho apaixonante imensurável mistério, é tudo-tudo o que há.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-41032969762482336762016-09-27T17:22:00.004-03:002016-09-27T21:12:47.126-03:00<div style="text-align: center;">
E nessa corda<br />
bamba, que</div>
<div style="text-align: center;">
não nos falte</div>
<div style="text-align: center;">
música.<br />
<br />
(dança!)</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-845721660984037102016-08-24T23:39:00.002-03:002016-08-24T23:39:27.781-03:00Teologia da Libertação:<br />
Santificado seja o nosso Não,<br />
Amém.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-65675402396966994522016-04-26T21:35:00.001-03:002016-04-26T21:36:10.113-03:00Cajuína<div style="text-align: justify;">
Quem somos além daquele que, intrigado, nos observa no espelho?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que somos além daquilo que imaginamos que os outros esperam de nós?</div>
<br />
(Ego<br />
Bolha de sabão<br />
- Pluft!)<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-45317017646078955612016-04-22T20:08:00.001-03:002016-04-22T20:08:28.962-03:00Foco, foco. Foco.<div style="text-align: justify;">
Ruína. Poeira, fumaça, spray de pimenta, dois corpos molhados sem vida, mosquitos sobrevoando a poça de lama, medo. Deserto. Pedaço, ausência, cavalos assustados, um braço, uma perna ao lado do muro, baratas e ratos sob os escombros, medo. Silêncio. Lamento, desamparo, coturno gasto desamarrado, rastro de lágrima no rosto descamado, cães esqueléticos revirando detritos, medo. Arame farpado, medo. Crianças famintas, medo. Bombas, dinheiro, ego, loucura, arranha-céus, veneno na raiz e no fruto, medo. Medo, medo. Medo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Beleza. Melro, sorriso, nascente de rio, filhotes de gato espreguiçando ao sol, sombra comprida de um pescador na canoa, amor. Semente. Gesto, transparência, mão direita aberta estendida, terra vermelha úmida e fértil, menina correndo descalça na areia fina, amor. Leveza. Folha, poesia, cordas de violão, pincéis coloridos sobre o azulejo branco, cheiro de broto de manjericão florido, amor. Por do sol, amor. Brisa morna nas cortinas, amor. Geleia, alegria, vinil, lareira, vira-latas, café fresco no coador de pano, amor. Amor, amor. Amor.</div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-11398993654762463432016-04-20T22:42:00.002-03:002016-04-20T22:42:53.921-03:00<div style="text-align: justify;">
Viver intensamente uma realidade de projeções trágicas como se ela fosse a realidade presente nos faz esquecer e anular o infinito poder de criação do agora. Cada minuto é tempo de gerar um impulso, positivo ou negativo, que tem a força de interferir na consciência coletiva - todos somos como geradores de energia individuais interligados, frações inteiras que refletem o todo e responsáveis por ele. Adoecer, fisica ou psiquicamente, por causa de fatores externos nos torna vulneráveis a eles, uma luta que se luta fragilizado e doente se consolida em uma guerra perdida. Meditar, manter o controle sobre a mente, se alimentar e dormir bem, ouvir música, sorrir, estender a mão para os iguais que se pode alcançar, enxergar as belezas da vida e agradecer a tudo de grandioso que acontece a cada minuto, independente do caos sociopolítico em que o mundo se encontra, cria condições para que uma outra realidade se desenvolva e floresça. A luta, antes de tudo, é interna e depende dos passos de cada um de nós, de cada consciência desperta, os próximos passos da humanidade. O ódio e a revolta destituída de ação são como facas de dois gumes, bumerangues afiados. As leis imutáveis do universo não nos deixam esquecer a sua infalibilidade - tudo que vai, sempre volta em potência. Parece de importância secundária, besteira inútil no meio de tanto caos, mas cuidar e amar a si mesmo - e transbordar esse amor - é revolução.</div>
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-66587211825326299092016-04-19T14:47:00.000-03:002016-04-26T21:37:19.093-03:00Caminho descalça sobre lava fervente<br />
rasgo pântanos com os dentes<br />
<br />
azulo.<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-68925739602769745872016-04-19T14:44:00.001-03:002016-04-19T14:44:26.213-03:00As facas<br />
ceguenferrujadas<br />
apunhalam<br />
golpeiam<br />
fatiam<br />
a própria sombra<br />
o ar<br />
<br />
(o azul<br />
escaldado<br />
não morre).<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-35029606938837604782016-04-09T13:50:00.003-03:002016-12-26T18:30:32.132-02:00<div style="text-align: justify;">
Render-se à extasiante mágica do absurdo, soltar as rigidas rédeas dos instantes, permitir o derreter do agora entre o céu da boca e a ponta da língua, desvestir o não, experimentar o avesso, confiar no inexplicável, desconstruir, descontrair, não ser - nada nunca ninguém - e, então, inteirosúbito, florescer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-42238066460789945872016-04-03T19:09:00.000-03:002016-04-04T17:13:27.294-03:00Prenhe<div style="text-align: justify;">
Gesto o verbo como quem arranca eras de ferrugem de um cadeado à brutos golpes de faca cega. Tanto a dizer e - ainda assim - nada que valha mais que o desejo imenso dos teus olhos vivos vivendo mudos dentro dos meus.<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-63732264563094810592015-12-28T23:24:00.002-02:002015-12-28T23:24:35.577-02:00<div style="text-align: justify;">
Pretendo. Que talvez pretender seja uma forma de levar adiante a ruptura do ocaso, o susto do berro árido inexistente. A lâmpada acesa, incandescente, brilha nítida e apaga o sono. Desligo. Acendo a vela em ascensão, pavio incólume, e queimo. Um silêncio preenchido, um plano em intenção pulsa denso na fumaça abafada do incenso. Escuto. O fio tênue, transparência nua, me mantém intacta e me conecta, novelo de muitas pontas, em sincronia sutil - inspiro. Não há dedos que me despedacem o véu enquanto caminhar desconstrução descalça. No embaçado do espelho, expiro, um eu que não se basta sou eu - rua larga e deserta, povoada dos muitos invisíveis que me carregam nos braços até o topo claro da montanha alta. Chegando lá, mil horizontes. E o acerto de contas dos últimos tombos, a lei inexorável, o retorno. No fundo dos olhos e no peito, os pés - e o próximo passo, logo ali adiante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<em>Sylvia Araujo</em></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-7221220372494351242015-06-26T14:07:00.003-03:002015-06-26T14:07:40.511-03:00<div style="text-align: justify;">
As cores todas balançando ao vento nos varais da estrada. Serra acima,
lentamente, a desenfreada pulsação abranda, impregnada do sussurro manso
que ecoa sutil por entre as copas verdes. A vida pulsa, plena e viva,
em seu próprio e descansado ritmo, a alma, leve, dança. Os anoitecidos
olhos, intoxicados de concreto e medo, agradecem os multitons das matas
densas pinceladas de delicadas flores. É bonita a umidade solene
escorrendo prateada por entre as pedras lisas. É suave o a<span class="text_exposed_show">manhecimento
paulatino do tão maltratado coração - os pássaros, o pasto, o gado, as
incontáveis estrelas no céu, as Minas Gerais, o amor, ouro de puríssimo
esplendor. <br /> No caminho, deitado à comprida sombra de um umbuzeiro,
um pequeno homem inteiro assobia cantigas baixinho, revirando nas mãos o
chapéu em remendos. Não há pressa em suas longas horas mansas, não há
lonjuras em seu hoje branco. Lá, o dia ignora sem dó os inúteis
ponteiros e aponta, certeiro, a semente na terra. O tempo é só dela e
ele, prendado, espera. Um pouco à frente, uma senhora de rosto queimado,
lenço amassado e poucos dentes grita, da maltratada cerca, a meninada
de pés poeirentos. Eles gargalham, meninos que são, enquanto correm
atrás da mestiça galinha que, sem rumo, sacode as curtas asas como se,
por um passe de mágica, pudesse voar. Galinhas não voam, mas a criançada
de lá sempre me parece que sim.<br /> Chegando à casa, olhos marejados,
janelas e portas abertas, o sorriso liberto brota mansinho, o horizonte
sem fim mais e mais se estende, o calor acolhedor do amor afaga,
cuidadoso, as tantas cicatrizes fundas dessa dura vida, desse mundo
louco, enraivecido cão. Os cheiros, os gostos, os planos, os sonhos
cerzidos aos pares, os pequenos tão livres e inteiros, a música, os
abraços, os passos, o coração aprumado e sereno, seguro no reconhecer-se
em outros, espelho – e esse acreditar inesgotável e eterno que, na
volta, sempre trago comigo palpitando no peito, de no amor e no bem
jamais deixar de construir e ser.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="text_exposed_show"><i>Sylvia Araujo </i></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-6134377019496318072015-02-25T00:10:00.000-03:002015-02-25T00:31:46.698-03:00Ela não entende<div style="text-align: justify;">
Ela me chama de bombom. Parece meio ridículo falando assim, palavra solta ao vento sem nenhum contexto e, pensando de novo agora, soa mesmo pouca coisa, sem aqueles olhos mansos pra emoldurar todo o tamanho do sentido que essa palavra, quando ela fala, tem. Mas não é pouco não, é muito, você não faz ideia. <br />
Conheci a Nega no baile charme, aqui mesmo no Complexo, lá em cima na quadra. Tá vendo os meus olhos brilhando esse tanto? É ela aqui dentro, rapaz, só de lembrar daquele dia dá vontade de chorar. Fazia uma noite bonita, de lua quase cheia, tipo essa assim de hoje. Verão carioca escaldante pede uma gelada, né? E era sexta-feira. Saí um pouco pra relaxar com a rapaziada depois de um dia de cão e dei com ela lá, quase deusa, flutuando no meio da multidão. Meu coração parou, faltou o ar, tudo rodou. No mesmo minuto eu disse pra mim mesmo: é ela! A partir dali, nunca mais soltei o avião, e lá se vão mais de dez anos. <br />
Ela me chama de bombom e ontem nós discutimos feio. Ela disse que eu não ia, eu bati o pé que ia. Aí ela chorou e falou que tinha medo. Eu respondi que também tenho, oras, desde que me entendo por gente, mas que, ainda assim, estaria lá. Ela gritou que eu não a amava, que era um irresponsável, baderneiro, que jamais teria um filho com alguém sem rumo feito eu. Aí eu não aguentei e esbravejei que era uma questão de honra, porra! Pelos meus pais, meus avós - e pelos dela também! -, pelos filhos que queria ter e o futuro que sonhava em deixar pra eles, pela vida livre que sempre desejei levar e nunca pude, por essa minha silenciosa e sedenta alma negra aprisionada à margem de tudo, sempre, e pela dela também, que nem fazia ideia do quanto era oprimida, marginalizada e coagida todo santo dia. Antes de bater a porta, fiz a burrice de chamar a Nega de burra. Ela se emputeceu, claro, com toda razão. Ah, se arrependimento matasse... <br />
Eu só queria que ela entendesse, mas ela não entende. Você sabe o que é passar a manhã de domingo inteira, anos e anos a fio, catando xepa na feira, pra ter o que comer durante a semana? Você sabe o que é andar por aí na rua e ver o medo estampado nos olhos das pessoas quando cruzam com os seus? Eles atravessam a rua; elas apertam as bolsas e o passo e abraçam os filhos quando me vêem. Isso é cruel, cara! Já pensei, moleque, em arrancar uma bolsa qualquer de madame, sair correndo e despejar tudo no lixão, sem nem abrir. Só pra justificar o medo e aquilo fazer algum sentido, sei lá, mas nunca tive coragem. Você sabe o que é ter que passar por isso toda vez que pisa o asfalto, só por causa da cor da sua pele? Se sentir diminuído, humilhado, mesmo se estiver com o salário inteiro no bolso? Eu já amaldiçoei esse amarronzado aqui muitas e muitas vezes, mas agora cansei. É justo, não é? <br />
Tô cansado de perder amigos, de sempre ter que consolar quem perdeu alguém. Só essa semana foi tiro em trabalhador, em criança, em avó, tá cheio de militar aqui dentro. Eu tô é muito puto com essas rajadas pelo céu todos os dias, com as correrias inesperadas, com essa sufocante falta de paz, de não poder dormir à noite só porque sou preto e pobre. Eu sou preto e pobre. Não posso esconder minha pele, meu cabelo, não posso fingir ser quem eu não sou, entende? Você sabe o que é viver assim? Ela sabe, a Nega, mas não consegue entender a minha revolta. Ela acha que é assim mesmo, que deus dá o fardo certo e justo pra cada um, que nada na favela vai mudar com manifestação contra a violência aqui ou acolá, que eu tô é fazendo arruaça sem sentido, ao invés de deitar e descansar - todos os dias, às cinco tô de pé. Mas eu não acho nada disso, não. <span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"*G","type":45}" id="fbPhotoPageCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show">Acredito,
de verdade, que a gente pode mudar muita coisa nesse mundo, sim, se
tiver fé e não desistir no meio do caminho. Mesmo debaixo de bala eu
tinha que estar lá. Mas ela não entende.</span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<i><br />Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-32159713537817938552015-02-10T22:38:00.004-02:002015-06-14T22:26:15.095-03:00<div style="text-align: justify;">
As importâncias todas esparramadas, lado a lado, sobre a gasta mesa. O
estampido oco da queda brusca dos absolutos brutos - esparsas nuvens.
Valores em xeque; partidas as meias histórias; sólidasbrilhantes aquelas
que nunca na vida deixarão de ser e são. O que respira, hoje, é o que
semeia e brota, suave tempo - adoçabranda tua corredeira louca, coração, quieto trabalha.
E, por hoje só, sorri.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo </i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-48857057411381805362015-01-22T00:32:00.000-02:002015-01-25T15:12:54.154-02:00Engarrafado<div style="text-align: justify;">
Subo os degraus do ônibus com dez reais na mão. Sou a primeira a entrar e dou de cara com uma pequena e irritada fila à minha frente. Três passageiros do ponto anterior ainda aguardam o troco, impacientes. O motorista sua em bicas, sentado ao lado do motor fervendo, mangas de camisa e pernas de calças, feitas de um tecido barato e sintético, arregaçadas até as juntas cansadas. O sol de janeiro tem castigado e, apesar das promessas, o coletivo não tem ar condicionado, como em nenhuma linha dessa companhia, que atravessa inteira a esquecida zona norte da cidade. Aparentando pouco mais de 50 anos, vastas rugas penduradas pelo duro rosto retesado, diariamente dirige um carro com mais de trinta passageiros, aperta um botão que abre e fecha portas dianteiras e traseiras, outro que libera a roleta, dá trocos e informações de itinerários, regula a elevatória para cadeiras de rodas, faz um esforço medonho para se manter atento ao engarrafamento insano das quase sete, aos sinais de trânsito, ao barulho insistente da cigarra a cada 300 metros, além de carregar na cabeça e no peito suas dores pessoais e intransferíveis - todos temos nossos próprios fardos, afinal, por mais que queiramos não dá pra fugir. Na minha vez de passar a roleta ele explode, as veias do grosso pescoço vermelho saltadas em alerta: "só fico mais essa semana aqui! Não aguento mais dar trocos e dirigir ao mesmo tempo! A vontade que dá é de largar o carro na rua e ir embora!" Eu lhe dou razão, todas do mundo. Digo que é desumano, que ele está certo, que R$ 3,40 é um roubo para a bosta de serviço que eles prestam, que o cartel das companhias de ônibus quer mais e mais lucros em cima da saúde física e mental de quem precisa do emprego, que demitir trocadores e sobrecarregar motoristas é realmente cruel e não tá certo, e tá tudo muito, muito errado mesmo, oras! Ele respira um pouco mais aliviado, parece, passa a pesada marcha com as mãos calosas e segue, determinado, o denso fluxo. Já sentada no banco colado à janela, observo distraída as vidas que passam lá fora e a minha respiração entrecorta. Não é mais tão difícil entender porque alguns motoristas do único ônibus que me serve para chegar ao trabalho passam direto do ponto cheio toda manhã, deixando alguns furiosos passageiros apressados e atrasados a ver navios. Decidi, então, andar alguns metros pra trás e esticar o braço de um ponto mais vazio. Eles sempre param lá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-51973412697083672332014-11-14T18:18:00.001-02:002014-11-14T18:22:46.743-02:00Manoelando eu sou mais feliz. Ele é daquela espécie de poeta que faz nascer plumas nas costas envergadas dos homens e vingar sussurro de riacho manso no meio dos automóveis enfurecidos. Ele é, e não foi - como disseram algumas notas de jornal -, porque a poesia não sabe ser mortal, não apaga quando se fecham os olhos ou se termina um livro. Ela fica lá, gravitando, vibrando dentro da gente, aquecendo as friagens da vida e embalando os sonhos no peito.<br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
É emocionante ouvir a v<span class="text_exposed_show">oz doce desse passarinho encantado lendo três das suas poesias no vídeo.</span><br />
<br />
"No meu morrer tem uma dor de árvore." [Manoel de Barros]</div>
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="https://www.youtube.com/embed/eB5_l2NdRLc" width="459"></iframe>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-83152676205209197352014-11-11T00:48:00.003-02:002014-11-11T00:48:30.082-02:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz3mSFc3NVqpT9NLSH6GoPlLei3ldySIyPIz5rCsyVLolKTpJ1kVw4nMNV4rJ2puBd2LYJaCgbDQmBQAt9m74Ezf_6gBvfagGkRuQnauFhUgX_mXtdDHH1UzLJG7MxwAwXBBwpplh4pnNX/s1600/553256_761535067234510_1737823446685699468_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz3mSFc3NVqpT9NLSH6GoPlLei3ldySIyPIz5rCsyVLolKTpJ1kVw4nMNV4rJ2puBd2LYJaCgbDQmBQAt9m74Ezf_6gBvfagGkRuQnauFhUgX_mXtdDHH1UzLJG7MxwAwXBBwpplh4pnNX/s1600/553256_761535067234510_1737823446685699468_n.jpg" height="239" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Às vezes gasta, bruto remendo, partida, despedaçada, exausta, manca. Às
vezes só suspiro fraco em meio a tanta distorção, pavões em transe, dor
lancinante, susto, choro ou privação. Às vezes, um tímido talvez ou puro
e cristalino não (às vezes sonho, asa, raiz, às vezes tudo ou nada,
casa, às vezes chão). Mas tão resistente e plena por saber de si ser
dona inteira que, mesmo pouco vistadmirada, brota, sem se cansar de ser,
a poesia, o que a esperança desesperançada sempre e sempre cria: nos
meus olhos, pó transmutado em companhia, nesse aqui cansado coração,
denso orvalho úmido, pão.</div>
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo </i></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-69668005940622247882014-10-26T23:51:00.000-02:002014-10-27T17:50:52.539-02:00Cronicamente Viável<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
</w:WordDocument>
</xml><![endif]--><br />
<div style="text-align: justify;">
Esse processo eleitoral brasileiro tem me feito pensar muito.
Vivemos na última semana um clima de copa – dois países, duas bandeiras,
uma só terra. Os ânimos acirrados, os punhos levantados e cerrados de
ambos os lados, defendendo seus sonhos “opostos” com unhas e dentes,
ainda têm deixado o clima bastante tenso, mesmo horas depois do apito
final. “Memes” sobre término de relações de amizade surgem a toda hora,
conhecidos e desconhecidos se agredindo por escrito em várias redes
sociais ao mesmo tempo – o que agrava ainda mais a tensão da coisa: o
pessoal passa a ser público e vice-versa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todo mundo precisou se
posicionar, definir de que lado estava. Basicamente, uns defendendo o
social, outros o mercado, como se esses dois caminhos não fizessem parte
de um único objetivo: a construção de uma nação maior, mais sólida e
forte, mais respeitada mundialmente, mas foi nos imposto escolher. Houve
também um número bastante expressivo de pessoas que manifestou nas
urnas a loucura dessa bipolarização e anulou o voto, ou votou em branco
(que no final dá no mesmo, a gente viu nos vídeozinhos que circularam
pela internet), eles têm o meu respeito. O povo brasileiro - primeira
vez que vejo isso na vida! - se envolveu com a política do país, leu, se
informou e votou consciente. Isso é incrível e histórico!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Li
agora uma frase no facebook, compartilhada por um amigo de,
provavelmente, uma amiga dele, que diz: “Dilma e Lula vestidos de
branco. É sinal de construção da união nacional. Bonito de ver.” Vejo um
pouco por aí. O Brasil - e o mundo - está vivendo um momento de
reconstrução histórica. Já está claro que o capitalismo é um sistema
falido, vide o resultado das eleições, não dá mais pra viver só do
consumo. É preciso parar de mirar só o capital, o celular, o computador,
os carros, a aparência das coisas e olhar mais demorado para a terra,
para os rios, para o ar que respiramos, para as pessoas à nossa volta. É
preciso recuperar o afeto, urgente. No entanto, sabemos também que não
dá pra viver nesse mundo sem o mercado, que reforma agrária e igualdade
social sem comércio exterior nos faz ser engolidos, virar marionetes
políticas. Mas, convenhamos: não precisamos, aqui no Brasil, de um
neoliberal nem de uma comunista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nós estamos subindo os muros,
matando o planeta, derrubando a nossa própria casa e nos afastando dos
nossos semelhantes, que são os únicos que podem nos ajudar. Milton
Santos já previa, no seu maravilhoso “Por uma outra globalização”, que a
humanidade entraria em colapso e flutuaria em uma espécie de vácuo,
onde seria necessária uma profunda reformulação política mundial para
que as coisas começassem a voltar para o eixo. O capital, com o seu
total abandono social, beiraria a perversidade - e lá estão África e
Palestina, em seus gritos recentes, pra não nos deixar esquecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É
preciso que Cuba ofereça ajuda para o controle do Ebola, é preciso que a
Bolívia se posicione contra os bombardeios na Palestina, que a Rússia
faça transações com a Índia, que o Uruguai espalhe seu incrível exemplo
de humildade e contamine o mundo. E é preciso que os Estados Unidos
queiram dialogar (isso já é mais difícil e talvez vá pintar por aí, em
algum momento, mais uma guerra mundial por um poder tão inútil), claro.
Uma nova maneira de enxergar a globalização é extremamente necessária,
senão nos extinguiremos – estamos matando os índios, os jovens negros de favela, gente! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Somos capazes de construir um meio termo se abaixarmos as bandeiras e
dermos as mãos. A América Latina está forte e unida, "chegou a hora
dessa gente bronzeada mostrar seu valor". Somos capazes de mostrar ao
mundo como é que se faz política de verdade – eles estão de olho,
estamos fazendo barulho! -, todos juntos, políticos e povo nas ruas
cobrando as mudanças, construindo, em parceria, um vanguardista sistema
político-econômico, inventando, enfim, um novo e mais justo modelo de
estar humano no mundo, através do diálogo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Que venham as próximas décadas com muitas pitadas latinas mais. E que o amor nos proteja, amém.<i> </i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Sylvia Araujo</i></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9115388266208666541.post-70267905736427091692014-06-30T16:29:00.002-03:002014-07-02T00:59:01.319-03:00<span class="userContent">E um dia a gente descobre que o destino
depende somente de a quê e a quem nos destinamos; e de que maneira isso
se dá. Aí o sol morno aquece, o vento suave sopra, o peito se enche de
ternura, as sementes espalhadas germinam, o sorriso brota mansinho,
enraíza fundo e fica. </span><br />
<span class="userContent"> </span><br />
<span class="userContent"> (um dia a gente descobre que o amor é bumerangue).</span><br />
<br />
<span class="userContent"></span><span class="userContent"></span><br />
<div style="text-align: right;">
<span class="userContent"></span><i><span class="userContent">Sylvia Araujo</span></i></div>
<span class="userContent"></span>Unknownnoreply@blogger.com0