"É amargo o coração do poema.
A mão esquerda em cima desencadeia uma estrela,
embaixo a outra mão
mexe num charco branco. Feridas que abrem,
reabrem, cose-as a noite, recose-as
com linha incandescente. Amargo. O sangue nunca pára
de mão a mão salgada, entre os olhos,
nos alvéolos da boca.
O sangue que se move nas vozes magnificando
o escuro atrás das coisas,
os halos nas imagens de limalha, os espaços ásperos
que escreves
entre os meteoros. Cose-te: brilhas
nas cicatrizes. Só essa mão que mexes
ao alto e a outra mão que brancamente
trabalha
nas superfícies centrífugas. Amargo, amargo. Em sangue e exercício
de elegância bárbara. Até que sentado ao meio
negro da obra morras
de luz compacta.
Numa radiação de hélio rebentes pela sombria
violência
dos núcleos loucos da alma."
Herberto Helder
Roberto Lima divide essa e muitas outras jóias aqui.
3 comentários:
boiei legal - eu.sou.sincera, é.
Mas, então, se eu fosse você, ficava com medo mesmo se ser hackeada, porque eu sou do MAAAAL! OO zoa, zoa.
Um beijo.. amargo? (tiradinha ridícula, mas cê perdoa, né? =D )
O coração do poema pulsa e poetiza.
Que belo o seu canto!
Obrigada pela visita e por suas palavras gentis.
Beijo.
rsrsrs ele é meio complexo, né, Clarisse? Mas de uma beleza incrível. Acredite. rs
Uma beijoca gigante pra você
Oi, Erica! Puxa, obrigada pelo carinho... aqui é meu canto de encantos e desencantos. Entre no meu coração e fique a vontade.
Um beijo
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