Foto do blog: Mario Lamoglia

terça-feira, 3 de junho de 2008

Cores


Num dia branco desses quaisquer, Orgulho resolveu sair de pincel em punho pra pintar o Amor, que era bege desde que nasceu.
Voltou pra casa multicor.

Sylvia Araujo

5 comentários:

Anderson disse...

cor é palavra sem fonema, a eternidade de "deus" esta na paleta, as cançoes que nao escutamos e nos fazem chorar no silencio, cor é profusao biologica-eterea, cor é vc em meus instantes de pensamento, cor é como sua poesia e vc, pouco a ser dito, muito a se ver, mergulho sem volta nos sentido

Unknown disse...

Qual é afinal o sentido de "um dia branco" ? Branco no espectro contínuo é a junção de todas as cores, por isso na minha concepção não pode ser associada a algo insípido ou negativo de qualquer forma...
Todo o simbolismo da cor branca decorre da observação da natureza, daí esta cor produzir, em nossa alma, esse efeito de silêncio. Silêncio absoluto - no livro "Ensaio sobre a Cegueira", do Saramago, abate-se sobre o mundo uma cegueira branca, onde as pessoas são acometidas pelo mal de enxergar tudo como num mar de leite. Uma das personagens expressa-se da seguinte forma ao ser acometida do mal da cegueira em pleno ato de amor, enquanto atinge o orgasmo: "Ainda vejo tudo branco". Uau.
Mas isso é só para discutir o conceito de que um dia branco é um dia sem sensações. Permita-me discordar.

Sylvia Araujo disse...

Amado-abundante sangue do meu sangue,
Divino ter suas impressões bem aqui, no meu sótão. Vc causa ebulição, sempre. O que tenho a dizer é:
1. Vc citou um dos melhores livros que já li.
2.Os Sentidos, pra mim, são sentidos de maneira extremamente particular, e desta forma, permitem diversas interpretações e vislumbres de Verdades.
3. Não conceituei "dia branco" de maneira alguma; nem como um dia vazio de sensações, nem como um dia onde se aglomeram todas elas. É um dia branco (entupido ou oco) como outro qualquer, ponto e vírgula.
5. Precisamos filosofar no boteco mais próximo urgente!!! ;o)
Primo tão estimado, erupção purinha... Lóviú, chéri!

Unknown disse...

Sylvia, Sylvia,
Está certo que seu quote original diga apenas "Num dia branco desses quaisquer", ou seja, não há explicitamente a qualificação, nem boa nem ruim, do que seja um dia branco. O leitor oculto é que irá determinar pela sua (a dele) leitura, e se ele (o leitor) entende que um dia branco é um dia vazio então o problema é dele -- ou não ? Afinal, é num dia branco desses quaisquer que o Orgulho (ô pecado da alma!, já diz o Eclesiastes: "Vaidade das vaidades; tudo é vaidade.") saiu para pintar o amor e voltou pra casa multicor. Ora, se voltou é porque não as tinha (as cores) e portanto conceitualmente o leitor oculto (sim, voltemos a ele nosso olhar) pode muito bem entender que um dia branco desses quaisquer significa um dia oco (eu não disse essa palavra, acho-na horrível, eu prefiro a que usei, insípido), e se ele (o leitor) entender isso eu por princípio não posso mais achar que o problema é só dele. Hum, sinuquei.
:)

Sylvia Araujo disse...

Saindo de bico...
Não, não, meu bem... quem voltou multicor não foi o dia (branco), mas o Orgulho que, querendo pintar o bege Amor, acabou pintando-se a si mesmo (no fundo, lá no fundo, se deu bem!). O dia é só o dia, referência de tempo e espaço, onde depende somente da tua imaginação pintá-lo. Ou não.
Touché!