Foto do blog: Mario Lamoglia

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Igualitando

"Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro."
[José Saramago]

Não entendo como, em pleno 2009, ainda possam existir pessoas capazes de julgar o outro pelas suas diferenças. Homossexuais, simpatizantes, negros, pardos, ateus, budistas, obesos, anoréxicos, egoístas, solidários, militantes, acomodados, portadores de necessidades especiais, atletas... são tantas diferenças, tantas singularidades - particularidades pra distribuir e vender!
Cada um é cada um, sujeito singular e multifacetado - cheio até a boca dos seus próprios senões e poréns - e não, não existe um unicozinho par idêntico nesse mundo-vasto-mundo pra contar história.
Juro que me esforço, mas não consigo administrar tanto dedo em riste que vejo por aí. Por que não se pode simplesmente respeitar (e respeitar é muitíssimo diferente de tolerar) a direção de cada atalho? Por que não se pode olhar o dentro de cada ser humano ao invés de tachá-lo, rotulá-lo, de simplesmente excluí-lo? Pra mim, é pequenez demais se achar tão grande a ponto de anular a importância da vida do outro. (grande, imenso mesmo, é aquele que absorve todas as matizes e cria a partir delas sua própria nuance)
Quer dizer então que só heterossexuais-brancos-magros-lindos-ricos e saudáveis se edificam em alegrias e tristezas? Só eles têm um coração que pulsa? Ah, pode parar, que eu vou descer é já!
Num mundo em que é preciso haver lei pra punir discriminação, pra coibir desrespeito, pra garantir direitos de cidadãos contribuintes, eu não tô afim de caminhar não. Estanquei.
É por essas, e muchas outras coisitas, que prefiro mil vezes reverenciar o submundo idílico dos sonhos que sonho. Pelo menos lá - mesmo que seja só lá - toda diversidade é.

Sylvia Araujo

3 comentários:

Stella disse...

A vida é diversa e toda forma de vida é válida. Achamos essa forma de rotular porque somos idiotas. Não conseguimos internalizar as coisas sem dar nomes a elas.

Beijos

Fhernanda Fernandes disse...

Minha Amiga Linda!!!
Belo e tocante o que vc escreveu...
O seu texto é brilhante!!!
Super bem escrito.
Afinal, rótulos servem para produtos...
Pessoas são feitas de sentimentos...
E como tudo que vem do sentir é intraduzível, há, no mínimo, que se respeitar o que não se conhece porque não se traduz.
Respeito é bom demais.
E quem não gosta?
Meus aplausos para vc.
Bjs e dias felizes sempre.

Sylvia Araujo disse...

Tô contigo e não abro, Stella!
Beijoca


Fhernanda, minha querida...
Que deslumbrância ter vc aqui no meu sótão. Obrigada por todos os elogios, mais saiba que brilhante, brilhante mesmo, é vc!
Uma beijoca cheia de carinho