Foto do blog: Mario Lamoglia

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Prosa que dança

"O sono pode ser música para qualquer dança e fazemos crianças toda vez que nos olhamos. Você sopra sussurros tristes, numa voz cansada, tudo cansando e meu abraço te enlaça. Você fica aí cheia de sede de vida e eu cheio de tempo pra te fazer voar, tanto tempo tenho para te fazer gritar, sorrir, gemer, sei lá. Faltava pouco para colocar aliança no seu dedo, subir no cavalo e te fazer minha noiva.

Minha mulher não chore nunca quando estiver sozinha, lembre-se que a gente podia ter tido o mundo, mas você rasgou minhas poesias no meio, freou com todos os seus receios e na nossa inexperiência absoluta, canina, cretina e burra, deixou nós dois assim, feito noite e alvorada, feito calor e lágrima, suor e frio. Nós dois tínhamos o mundo, sexo oral e outras alegrias, tínhamos até o que não era orgia, o que era prematuro, suave, comum. Nós tínhamos ventos estelares, gozos cavalares, danças engraçadas e uma calçada inteira de músicas nossas, músicas que não eram nossas, mas eram.

Você experimentou minha língua, meu beijo com gosto de cereja, fez mousse de morango para me fazer feliz e deixou em mim todas as cicatrizes que seriam carinhos se não fosse o vazio, seriam felicidades se não fossem cortantes. Enlata todas as minhas palavras pra você e queime tudo, fuja do meu mundo, cante alto, grite alto, fale alto até não ter mais voz.

Primavera deixe eu dormir antes da dor de dente, e não me faça mais uma vez me sentir deprimente, só porque nunca mais vou parar de te amar. E vou."


Daqui ó.

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