- Não seja métrico, descambe! Desfaça essa rima; ela te prende e amordaça, não te deixa viver.
- Não seja pudor, pereça! Desfaça esse muro; ele te isola do mundo e te afasta das cores.
- Não seja prazo, se expanda! Desfaça limites, eles seguram teus passos, te bloqueiam os sonhos.
- Tome as rédeas! Tome as rédeas agora! Vaaaaaiiiiiiiiiiiiii!
(Começo jogando por terra - e pela janela - tudo aquilo que me define. E me refaço, me transformo - reconstruo...
Não aceito rótulos e legendas, quando posso ser - e me tornar - absolutamente tudo o que eu quiser, em qualquer momento que desejar. Absorvo, a todo instante, cada preciosa minúcia e internalizo. Faço do som, cheiro, gosto, textura, uma cartilha que estudo incansavelmente, até me tornar a própria, pra depois ventar tudo ao ar. - Eu gosto de me forçar partir, porque quando volto, volto sempre a preencher. Eu sou lacunas: milhões delas.
Ainda me transformo natureza... Ô! Ainda, feito camaleão, mimetizo e me desfaço para ser outra, a cada nova casca de árvore que apareça; ainda desintegro sob tal palavra ou fração e me retorno, branda...
Então minhas asas se abrirão a cada vazio que encontrarem, pra que, em viagem liberta, eu possa me encher novamente, até que o peito quase arrebente - eu quero estar cheia de vida.
Eu quero mesmo é transbordar!)
- Não; não me contenha!
Sylvia Araujo
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