Na tela lisa vem traço em preto; diagonal, inexpressivo. O sol não possui amarelo, e da rosa não escorre tampouco o vermelho. As cores acordaram egoístas, e não vão dividir seus fascínios - já me disseram - com o peito vazio que empunha o pincel. É preciso sonhar...
Nas linhas amargas, palavras distantes suplicam um elo; não enxergam razão. Precisam do peito repleto de ardor, e no oco do meio não encontram nada, nada além de estranho e extremo rigor. Elas querem dançar sem os passos marcados, mas a mão que empunha a caneta, o ritmo desencontrou, e por fim, o calor esfriou . Sem sentimento a poesia não vive. É preciso vibrar...
(A miséria - no fundo - é da alma, que insiste em enxergar preto e branco um mundo tão cheio de tons e nuances. Miseráveis aqueles que impedem que bailem - em seu ritmo próprio - as letras que vivem tão dentro de si.
Que o tempo desfaça o hiato. E que, depois da tempestade, nos chegue a bonança e a abundância, de um tempo repleto de cores e letras, que se entrelaçam - e se mostram - felizes e inteiras de fato)
Sylvia Araujo
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