Foto do blog: Mario Lamoglia

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Contenção

Despertou no meio da madrugada escura, cheia de silêncio. Tateou ao lado e esbarrou o vazio. Tocou a testa, se descobriu febril - o corpo ardia... Da fronte úmida escorria o sonho. (Sentiu a respiração ofegante na nuca - tão quente - como a segundos atrás) Latejava amor contido. Pulsava espasmos. Ao abrir os olhos se encontrou sozinha...
Despertou no meio do silêncio escuro, cheio de madrugada. Levantou da cama e pegou o isqueiro. Acendeu a chama, certa de extrair da fumaça companhia - o coração sofria... Abriu o chuveiro, e sob a melodia da água se fez corredeira. (Com a brasa queimando na beira da pia, submergiu no rio - até ficar sem ar) Latejava vontade. Pulsava o desejo de sentir aqueles braços um dia...

Secou os cabelos com o vigor de quem expulsa pensamentos. Deitou nua. Fechou os olhos e adormeceu. Não despertou mais.
(Sem nem sequer perceber, se entregou sorrindo...)

Sylvia Araujo

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