Foto do blog: Mario Lamoglia

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Porquê?



Mantra
[Nando Reis / Arnaldo Antunes]

"Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração
Acordará!...

Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência
Adormecerá!...

E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar
No mesmo quintal
Da alma ao corpo material...

Quando não se têm mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for
Livre do temor...

Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá
Para dar amor...

Amor dará e receberá
Do ar, pulmão
Da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão
Do tempo espiral...

Amor dará e receberá
Do braço, mão
Da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte o seu
Guia natal..

Adeus Dor...

Hari Krishna Hari Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare"

(Essa letra precisava entrar aqui em algum lugar. É divino como, através de metáforas, esses dois conseguiram captar a essência da vida. Ou como acredito que seja a melhor forma de viver.
A poesia é sublime e a mensagem mais sublime ainda.)

Cada um descreve sua trajetória, da maneira como acha que deve, mas a cada dia que passa mais tenho certeza de que o caminho para a paz é mesmo através do amor, da tolerância e da simplicidade. Pra quê guerra, ganância, poder, riquezas materiais, injustiça, intolerância, soberba? Pra quê tudo isso, se o mais importante é viver em paz, é ser feliz, é sorrir? Pra quê barbárie se o fundamental é o abraço apertado, o beijo sincero, o diálogo honesto?
Não entendo o que o Homem tanto busca - e nunca encontra. Não entendo o motivo da tortura, da violência, da fome, das queimadas... Não consigo compreender alguém ser capaz de destruir a própria casa, poluir o ar que respira, acabar com a água que bebe! As pessoas matam por nada. Disparam pistolas em crianças por crenças religiosas. Violentam mulheres por prazer. Açoitam negros, colocam fogo em mendigos, espancam prostitutas. Que mundo é esse? Que humanidade é essa?
Parei de ler jornal e de ver TV. Alguns dizem que isso é fuga, isolamento da realidade; mas decidi que não quero - e não vou! - absorver toda essa brutalidade. Quero flores na minha vida. Quero ser feliz; andar na rua sem medo. Quero manter a chama do amor acesa. Quero confiar nas pessoas, ter liberdade de ir pra onde quiser, a hora que quiser. Posso ser assaltada, espancada, estuprada? Talvez. Mas não me permito deixar de viver pelo talvez, pelo se. Eu faço a minha parte da melhor maneira que posso. E quero - e vou! - viver absolutamente tudo o que quiser viver. Sem grilhões. Sem amarras. Sem mordaça.

Sylvia Araujo

Nenhum comentário: