Foto do blog: Mario Lamoglia

sábado, 27 de novembro de 2010

Drummond nos teus olhos


É dia de dizer coisas que não se diz a qualquer um, eu sinto. Enquanto você não vem, engulo as palavras uma a uma, bem enroladas, quase emboladas, e guardo-por-pouco-perco lá, bem lá no fundo do peito. No dia em que você chegar, muito perto, quase dentro, vou te saltar no pescoço largo e te encher dos meus melhores beijos, eu sei. E vou esquecer tudo aquilo que ia te dizer agora, nesse exato-angustiado momento, porque perto dos teus olhos de horizonte, toda a importância vira sopro e derrete - praticamente desaparece - bem no meio desse teu oceano lilás sem fim.

Sylvia Araujo



"Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa, do brinquedo que a gente não largava, do acalanto que o silêncio canta, de passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar."

Carlos Drummond de Andrade



Pra Marte 
(Maurício Pereira)
http://www.youtube.com/watch?v=m5rTW1pBDyc

6 comentários:

Unknown disse...

Aqui as palavras em crescente desejo que se alonga e se derrete num horizonte que nos desaparece lentamente.
Um texto muito bonito a culminar na esperança que tarda em encontrar-te no vazio onde moras.

Maíra F. disse...

Que combinação mais linda. Trecho teu e trecho do Drummond juntos! Ótimo pra começar meu dia! Bjs, querida.

Tiago Moralles disse...

É hora de vomitar o verbo.

Insana disse...

Eu amo um cafune...
tem uma pessoa em meu passado sempre presene que tem este cheiro de cafune. que delicia que é.

bjs
Insana

Cynthia Lopes disse...

Belo diálogo com o sonho Sylvia, belo sonho com Drummond! bjs

Anônimo disse...

Muito lindo!
Querida, este trecho não é Drummond, é Ana Jácomo ;)
Postado aqui, no blog dela:

http://anajacomo.blogspot.com/2010/07/almas-perfumadas.html