Num dia de janelas batendo, em pleno cinza-grajaú, ela viu o roda-moinho de folhas e plumas no canto da rua; naquela mesma esquina onde atravessa - sempre! - sem olhar pros lados.
Juntou os dois pés - unhas vermelhas pra fora do couro - e encolheu os joelhos - um encostado no outro. De um impulso, de uma só e única vez, saltou e sumiu no centro. Não teve medo (ela nunca tem; afinal, não é qualquer uma que pega baratas pelas antenas).
O que dizem é que se perdeu, sem nada achar, lá no fundo daquele olho tão cheio de mundo...
Maledicências, já que ela tanto gosta de se perder - sempre gostou, é verdade! - por que é justo aí que, inexplicavelmente, se encontra. Toujours.
Sylvia Araujo
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