Ir
em frente semeia alguma esperança, mesmo que não tenha sobrado nada do
que um dia houve, mesmo que não se tenha nada para levar adiante, além
da fome, além da falta, além do homem - nome próprio em si mesmo,
invisível-impróprio para quem vê de
longe a sombra dos muitos ossos, dos poucos ofícios, das tantas
ausências. Ir em frente é enfrentar teimosamente o que já é fim muito
antes do início, é adiar o grave destino-erro com as reles forças, é
retirar-se, retirante, do que, desde sempre, não há.
Sylvia Araujo
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