Foto do blog: Mario Lamoglia

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Até o nunca mais viver sem ti



Feriu-me irreversivelmente as retinas esse teu riso solto, branco, afiado - tão displicente, blasé. A pior das tuas armas, os dentes (sempre). E você bem sabe que assim, ligeiramente entortados, tão arte contemporânea - tão livres! - são sempre um forte agravo à minha condenação: querer-te imenso até o nunca mais viver sem ti. O golpe mais baixo - ainda mais baixo que a rebeldia dos dentes a fugir dos trilhos dessa tua boca bonita - é o tal meio-olhar de lado, também entortado, esse tanto-sarcasmo, meu deus! Essa santa transparência, aí, cor de mel que carregas; que me faz assim tão nua a mim, que ando bem vestida de medos nos últimos tempos; que ando incontáveis feridas abertas; que ando cega. (Vendou-me, o amor). E cega não enxergo as chagas, sou só planos: um dia, mistura homogênea-nós dois; um dia, um não saber inícios, nem fins - um dia nós.
Atados; eternos.
Um dia (a) sóis.

Sylvia Araujo

Um comentário:

Cynthia Lopes disse...

Nossa, é tão assim mesmo!
fora dos trilhos,
parafusos soltos,
romântica demais,
pra lá da conta,
muito!

bjs