Foto do blog: Mario Lamoglia

terça-feira, 11 de novembro de 2014

 
Às vezes gasta, bruto remendo, partida, despedaçada, exausta, manca. Às vezes só suspiro fraco em meio a tanta distorção, pavões em transe, dor lancinante, susto, choro ou privação. Às vezes, um tímido talvez ou puro e cristalino não (às vezes sonho, asa, raiz, às vezes tudo ou nada, casa, às vezes chão). Mas tão resistente e plena por saber de si ser dona inteira que, mesmo pouco vistadmirada, brota, sem se cansar de ser, a poesia, o que a esperança desesperançada sempre e sempre cria: nos meus olhos, pó transmutado em companhia, nesse aqui cansado coração, denso orvalho úmido, pão.
Sylvia Araujo

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