Foto do blog: Mario Lamoglia

quarta-feira, 20 de março de 2013

Frequento silêncios como quem busca.











(até encontrar).

Sylvia Araujo

terça-feira, 12 de março de 2013

Afluente-se


As tais flores, em sua delicada e perfeita miudeza de flor, são matizadas de um amarelo pálido - um tom abaixo do que reluz sempre quando o pequenogrande menino sorri. Vê-se - se bem se observar – por entre as microscópicas pétalas, escorrerem, contidos, estreitos e regulares afluentes alaranjados. Ela deságua - rio que é - sempre que abraça com os úmidos olhos o invisível jardim coalhado de operárias aladas. Enquanto beijam flor a flor, num amor de enlevar o mais carcomido e dolorido coração, ela deixa estourar no silêncio da sombra do arbusto um soluço inesperado e bonito de esperança. O menino, seu menino de poucos anos e muitos sonhos, há de pendurar seu sorriso mais puro na quina da mais alta estrela. Ele terminará por regar, cuidadoso, seus medos com os pingos da chuva, ela crê. Há de, feliz, florescer, desertar, amarelolaranjar! Para que enfim compreenda, sem esforço qualquer – e essa é a maior das lições, não lhe restam dúvidas - que nesse mundo de infinitas milagrosas surpresas, nada deve ser tão rijo a ponto de não permitir-se embevecer. Para que sempre carregue consigo, por todo o extenuante e longo caminho, as pequenas e delicadas sementes de seu próprio e colorido jardim.

Sylvia Araujo