É dia de dizer coisas que não se diz a qualquer um, eu sinto. Enquanto você não vem, engulo as palavras uma a uma, bem enroladas, quase emboladas, e guardo-por-pouco-perco lá, bem lá no fundo do peito. No dia em que você chegar, muito perto, quase dentro, vou te saltar no pescoço largo e te encher dos meus melhores beijos, eu sei. E vou esquecer tudo aquilo que ia te dizer agora, nesse exato-angustiado momento, porque perto dos teus olhos de horizonte, toda a importância vira sopro e derrete - praticamente desaparece - bem no meio desse teu oceano lilás sem fim.
Sylvia Araujo
"Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa, do brinquedo que a gente não largava, do acalanto que o silêncio canta, de passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar."
Carlos Drummond de Andrade
6 comentários:
Aqui as palavras em crescente desejo que se alonga e se derrete num horizonte que nos desaparece lentamente.
Um texto muito bonito a culminar na esperança que tarda em encontrar-te no vazio onde moras.
Que combinação mais linda. Trecho teu e trecho do Drummond juntos! Ótimo pra começar meu dia! Bjs, querida.
É hora de vomitar o verbo.
Eu amo um cafune...
tem uma pessoa em meu passado sempre presene que tem este cheiro de cafune. que delicia que é.
bjs
Insana
Belo diálogo com o sonho Sylvia, belo sonho com Drummond! bjs
Muito lindo!
Querida, este trecho não é Drummond, é Ana Jácomo ;)
Postado aqui, no blog dela:
http://anajacomo.blogspot.com/2010/07/almas-perfumadas.html
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