Manoelando eu desinvento as dores.
Elas são tão pequenas perto da ausência de charcos pra caracóis, que desaborreço.
Não me faltam paredes. Me esvaziam é lagartixas!
Talvez se eu fosse um prego torto, caco de vidro ou lasca de pedra,
Talvez assim, e só assim, as árvores me brotassem.
A imaginação, pois, é fruta.
E o desencanto, encantamento.
Nos quatro cantos, não há quem me desfaça do nada.
Prefiro hoje o nada, no lugar do tudo que me desorienta.
Manoelando, percebi que o ínfimo é glória!
A complexidade caiu em desuso, agora.
No meu mundo eu vou é pintar violetas, pra ter - em eterno - beija-flores por perto...
Eu vou é desofrer em rios; desacostumar o cio.
Eu vou é desenraizar!
Sylvia Araujo
"Não gosto da palavra acostumada"
Manoel de Barros
Manoel de Barros
* Esse texto já foi publicado há quase dois anos atrás. E hoje, passeando pelos Versos de Cor, do criativíssimo Fouad, o seu Aviso me deu vontade de Manoelar de novo por aqui, num diálogo de vozes que não se cansam nunca das insignificâncias da vida - aquelas que nos enchem todos os dias dos mais incríveis significados.
40 comentários:
Bom republicar, poema belo, de reinvenções.
Beijo, e o moço Fouad é mesmo de inspirar!
Poema interessante e bem anárquico! Tem texto novo no Sub Mundos. Bjus.
http://submundosemmim.blogspot.com
Sylvia, escute meus aplausos!
Nossos olhos não enxergam a simplicidade do existir de tudo aqui.
Beijo.
Fui daqui para lá e voltei. Muito criativo mesmo o Fouad. Estou começando a ficar envergonhado das minhas cismas metafísicas. E já que andamos falando de remédio, vou tentar o biotônico Foutoura!
Abraço.
Em tempo: desenraizar? Sim. Muito bom.
... vou pintar violetas, pra ter -em eterno- beija-flores por perto...
Então, pronto! Que dizer? Não é preciso. É só desfrutar desta beleza...
Parabéns, Sylvia!
Um abraço
Boas coisas devem ser repetidas e repetidas...
Como disse o João é melhor ficar "só sendo"!
Beijos!!!
http://simplesassimzuleid.blogspot.com/2009/07/sendo.html
Sylvia,
Que lindo seu espaço, amo o Manoel de Barros e Manoelar é bom demais. Volto mais vezes e levo seu link comigo, beijos querida.
Esse valeu a republicagem* :P
Manuelou mto bem, sylvinha.
Mto longe do óbvio.
Texto lindo. Uma coordenada pra nossa vida.
:)
Ei Syl! Acabei de construir a ponte do lado de lá, no Versos de Cor.
Beijo imenso menina!
Adoro Manoelar.
e sempre bom voltar... republicar...
seus novos seguidosres agradecem quando se tiram os ouros do baú pra tomar sol.
beijos
Adorei Sylvia, faz jus à multidão de maravilhas que habita em você!
Bjs e obrigada pela visita .
Ah que cantinho mais lindooo ^^
Adorei o texto.
Sigo-te.
Beijo
Estefani
Querida,
Posso imaginar quão lindas serão tuas violetas-chamariz-de-beija-flores.
Bju
Sylvia, estou encantada com cada um de seus traços. Visitei seu outro blog também, mas me encontrei mesmo nestes versos... Em especial, esse trecho:
"No meu mundo eu vou é pintar violetas, pra ter - em eterno - beija-flores por perto..."
Lindo, doce e suave.
Suas palavras passam por nossa frente quase que dançando.
Um beijo!
Você é, de fato, uma bela e cristalina fonte. Pensava em borboletas e esbarrei em beija-flores! As insignificâncias assumem uma importância sem medidas, quando sentidas e olhadas com os olhos do coração!
Boníssimo fim de semana!!!
Criativo e muito interessante do ponto de vista filosófico.
L.B.
Manoel de Barros e tudo de bom na construção e descontruções de palavras, magia pura, gosto muito dele, tenha um belo fds, beijos !!!
"(...)percebi que o ínfimo é glória!"
Essa verdade é o que devemos ter sempre em mente! :)
Ah! Valeu pela visita ao Escúchame!
:*
Tudo o que é bonito vale um repeteco. Gostei muito, que as suas sementes plantadas preencham sua estrada de flores e perfumes...Bjs.
Que linsods versos Sylvia! E que bom é deixarmos às vezes as complexidades e apenas sermos, leves e lentos.
Muito belo!
Beijo.
Ainda bem que resolveste postar de novo este texto!
Obrigada pela tua visita no blog, beijos
Laura
manoelando... ou mesmo mia coutando :)
beijinho!
"Talvez assim, e só assim, as árvores me brotassem."
Lindo Sylvia!!
beijo!
Desenraizar...por as raizes prá fora, expor as raízes...quer coisa mais visceral??
Beijos...até de borboletas!
Grato por sua visita, Sylvia. Sobre as dores, realmente espero que um dia abram espaço para novas alegrias.
Belo espaço e belos textos por aqui. Voltarei.
Boa tarde adorei a sua casa e principalmente esta parte...A complexidade caiu em desuso, agora.
No meu mundo eu vou é pintar violetas, pra ter - em eterno - beija-flores por perto...
Eu vou é desofrer em rios; desacostumar o cio.
Eu vou é desenraizar!
Mue disse muito no dia de hoje. bjs um ótimo final de semana.
Lendo-a viajo nas asas de uma liberdade individual. Serei capaz de cantar no cárcere? Os passáros ainda o fazem.
saudações
Lisa
Manoelar, verbo transitivo. De conjugação com o espanto e o delírio. abraço
Que lindo tudo isso aqui. Parabéns!
beijos
Olá Sylvia, adorei os versos... Combina mesmo esse tão desejado desenraizar com o verso do Manoel de Barros... Adorei também quando você diz: Prefiro hoje o nada, no lugar do tudo que me desorienta.
Lindas palavras.
Beijos e ótimo fim de semana
Líria
Q lindo!
E qd a gente republica, parece que vem com um novo tom, com um novo sabor..
:)
Beijosss
Deu vontade de Manoelar também, Sylvia.
Um beijo!
"A complexidade caiu em desuso"... eu gosto disso. rsss Gosto mesmo.
Beijinhos.
Ivan.
que história terrível a do Jorge, o sisudo, caladão.
Simplesmente lindo.
Principlamente se "desenraizar" conjduzir ao vôo...
E que sejam doces as frutas que surgirem por aqui, Sylvia...
Adorei te ler hoje, outra vez!
A proposta é ótima, talvez seja o que eu preciso fazer...
Beijo, boa semana!
ℓυηα
Manoelemos, pois. :) A imaginação é fruta. Outono é o tempo - agora. Beleza de poesia. beijoos
já disse adoro tudo o que seja manoelar e mia coutar...mas não desdenho o ondjaki(ar).
beijo, Silvia,
tens um selo à tua espera.
syl:
não sei se o outro comentário ficou. estou tão cansada que já não vejo direito.
tens um selo à tua espera.
beijo
Sylvia,
Manoel de Barros é o "falso simples": só pode entortar as sintaxes, porque a conhece com sutilezas. O "carimbo"-Manoel inspira muita gente a tentar fazer parecido, ou dialogar com essa simplicidade, mimetizando-a. Na verdade, é a simplicidade pós-complexidade [ainda que ele preferisse ser a simplicidade do "matuto virgem de gramáticas"...]
Vc fez algo belo e não-tão-simples: Manoelou à altura.
:)
Parabéns!
Beijo.
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